Mãe denuncia negligência médica após filho de 15 anos perder a mobilidade depois de cirurgia

Em Santa Maria, um adolescente de 15 anos teve complicações na locomoção causadas por um deslocamento no fêmur. A família acusa o sistema público de saúde de possível negligência e atrasos no diagnóstico. O caso teve início em abril de 2023, e desde então o quadro se agravou. Após duas cirurgias, o jovem está em cadeira de rodas.


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Queda na escola 

Segundo a mãe, Thais Baldone dos Santos, 39 anos, o filho Richard caiu nas escadas da escola que frequentava, desmaiou e foi levado para a sala da direção. Após a queda, o adolescente foi levado até a UPA e liberado no mesmo dia. Ainda de acordo com a mãe, o médico orientou apenas a observação em casa. Horas depois, ele voltou a apresentar sintomas como vômito, tontura e dores fortes. Nessa época, foi internado por nove dias. Em um primeiro momento, os profissionais trataram o problema como neurológico. É o que relata a mãe:

– Ele não conseguia caminhar direito. Andava como um pinguim, com muita dor. Disseram que não era trauma, e mandaram para o neurologista.

O diagnóstico correto, ainda conforme o relato da mãe, só veio dez meses depois. Em fevereiro de 2024, após tomografia solicitada por um ortopedista, foi identificado que o adolescente estava com epifisiólise femoral bilateral, com grave deslocamento da cabeça do fêmur esquerdo. O lado direito também apresentava comprometimento.

– O médico disse que era um caso urgente. Estava desgastando a cartilagem e precisava operar imediatamente.

A cirurgia foi feita no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), mas a mãe alega um suposto erro no procedimento:

– Três dias depois, ele desmaiou de dor. Quando vimos, a perna estava toda torta. O médico não estava e ninguém sabia explicar.

No registro, Thais mostra a condição do filho após a cirurgia

Segundo a família, a equipe alegou que a situação era “normal” e sugeriu nova cirurgia apenas após seis meses.


Sem aula 

Após a nova operação, o adolescente ficou sem frequentar a escola. A família procurou apoio para aulas remotas, mas não obteve retorno efetivo.

– Ele perdeu todo o ano letivo. O sonho dele era entrar para a Base Aérea. Hoje, ele está em casa, sem estudar, sem caminhar e sem perspectiva – relatou Thais.


Laudo de clínica particular

Sem alternativas no SUS, a família organizou uma vaquinha online e arrecadou R$ 700 para levar o adolescente a uma clínica particular no município de Passo Fundo. Lá, um especialista confirmou o agravamento da situação.

– O médico disse que a cabeça do fêmur está necrosada e que só uma prótese cerâmica resolve, que custa R$ 60 mil. Também disse que o parafuso colocado na cirurgia do lado direito está atingindo a articulação e precisa ser retirado urgentemente.

Diante disso, a família ingressou com ação na Justiça Federal. Inicialmente, a juíza autorizou a transferência para Porto Alegre. Porém, após o recesso judiciário, o caso foi redistribuído e o novo juiz alegou que a União não era responsável, e o processo foi devolvido para o Estado. Um boletim de ocorrência, sobre o suposto erro médico, também foi registrado.

O Husm, por sua vez, informou que não tem especialistas nem materiais para a cirurgia. O adolescente foi liberado sem solução definitiva. Atualmente, o adolescente segue em casa, sob os cuidados da mãe e da tia.

– Ele precisa de ajuda até para ir ao banheiro. Tudo isso aconteceu por erro deles. E agora ninguém quer se responsabilizar.


O que diz o Husm 

Em nota, o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), "informa que o atendimento mencionado pela reportagem seguiu os protocolos clínicos e diretrizes assistenciais vigentes". Segundo a instituição foram realizada uma reunião com a mãe do paciente para escalrecer dúvidas e tamb´ém houve registro na Ouvidoria. Confira a nota completa:


"Nota do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM-UFSM)

O Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), informa que o atendimento mencionado pela reportagem seguiu os protocolos clínicos e diretrizes assistenciais vigentes. Em março de 2024, foi realizada uma reunião entre a junta médica e a mãe do paciente para esclarecer todas as dúvidas sobre o caso. Também houve registro na Ouvidoria, devidamente analisado pela equipe responsável.

A instituição esclarece que não foram identificadas irregularidades no atendimento, motivo pelo qual não foi instaurada sindicância. O HUSM reafirma seu comprometimento com a ética, a qualidade e a segurança no cuidado aos pacientes, além da transparência e do diálogo com usuários e familiares, sempre em conformidade com o sigilo médico e a legislação vigente. Caso ainda permaneça alguma dúvida por parte da família, o HUSM orienta que um familiar responsável entre em contato com a unidade de saúde via ouvidoria". 


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